quinta-feira, 3 de janeiro de 2008




4. A ALMA AUSENTE

Não te conhecem a figueira e o touro,
nem de teu lar formigas e cavalos.
Nem a tarde e o menino te conhecem
porque morreste para todo o sempre.

Nem o lombo da pedra te conhece,
nem o negro cetim em que te esbanjas.
Não te conhece teu recordo mudo
porque morreste para todo o sempre.

O outono chegará com caracóis,
uva de neve e montes agrupados,
mas ninguém quererá mirar teus olhos
porque morreste para todo o sempre.

Porque morreste para todo o sempre,
como todos os que na Terra morrem,
como todos os mortos que se olvidam
ou um montão de perros apagados.

Ninguém te conhece. Não. Porém te entôo um canto.
EU CANTO SEM DEMORA TEU PERFIL E TUA GRAÇA.
A MADUREZA RARA DO TEU CONHECIMENTO.
TUA AVIDEZ DE MORTE E DE SUA BOCA O GOSTO.
A TRISTEZA QUE TEVE TUA VALENTE ALEGRIA.

TARDARÁ MUITO TEMPO A NASCER, SE É QUE NASCE,
UM ANDALUZ TÃO CLARO, TÃO RICO DE AVENTURA.
Canto-lhe a elegância com palavras que gemem
e recordo uma brisa triste nos olivais.


F I M

Um comentário:

Mônica BW disse...

Escrevi uma crônica pra Carlos há 10 anos e gostaria q vc a postasse aqui.Pode me enviar um e-mail pra fazermos contato?
monikka_rj@hotmail.com
Obrigada,
Abraços
Monica